QUEM SOMOS
Somo uma equipe multidisciplinar, formada por professores e alunos das áreas de direito, psicologia, arquitetura e ciências sociais com o objetivo de realizar cartografia sociojurídica de ocupações urbanas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Semelhante a situação de outras metrópoles brasileiras, a cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, com cerca de 2,5 milhões de habitantes, encontra-se entre as cidades brasileiras que têm pior distribuição de renda entre as camadas da população em toda a América Latina e um déficit habitacional crescente nos últimos anos, em que pese o aumento da renda da população. Neste contexto, as disparidades sociais e a infraestrutura urbana segregadora geram disputas pelo exercício do direito à moradia adequada por intermédio das ocupações urbanas.
As ocupações urbanas estudadas pelo projeto compreendem espaços da cidade antes inutilizados, subutilizados ou não edificados, onde se exerce posse planejada, pacífica e informal e se constitui identidades territorializadas, a partir da mobilização pelo acesso à terra urbana e do exercício dos direitos à moradia e à cidade.
O projeto tem como objetivos compreender o que representam as ocupações aos seus moradores e às cidades, bem como diagnosticar e perceber os modos como o sistema judiciário tem lidado com as novas e reivindicativas formas de apropriação do espaço urbano. Para tanto, foram definidas para estudo seis ocupações urbanas da Região Metropolitana de Belo Horizonte: Camilo Torres (2008), Dandara (2009), Irmã Dorothy (2010), Eliana Silva (2012), Helena Greco (2012) e Emanuel Guarani Kaiowá (2013).
METODOLOGIA
Utiliza-se o método da cartografia sociojurídica, que compreende o levantamento tanto de dados sociais quanto dos processos jurídicos que tratam destas comunidades, associada à pesquisa-ação. Para tanto, realizam-se imersões, visitas, entrevistas, oficinas e são confeccionadas cartilhas e artigos científicos, juntamente à análise do processo judicial quanto aos principais argumentos e estratégias utilizados pelos principais atores das ocupações.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Tendo sido desenvolvidas atividades de pesquisa e extensão nas ocupações Dandara, Camilo Torres e Eliana Silva, no período de 2013 a 2015, obteve-se, parcialmente, a percepção de como os moradores e instituições jurídicas do Estado de Minas Gerais acolhem as pautas concernentes ao direito à cidade e ao direito à moradia adequada.
Produto da organização dos seus moradores junto a movimentos populares que se utilizam de terrenos que não cumprem a função socioambiental da propriedade, as ocupações têm criado novas formas de democracia urbana e têm sido exemplo da necessidade da (re)construção de espaços mais democráticos nas cidades. Elas problematizam o viés meramente econômico da propriedade, bem como a entrega do uso do solo urbano à especulação imobiliária e à interferência de segmentos empresariais na regulação urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
No que se refere aos moradores, aferiu-se que estes compreendem o direito à cidade de forma ampla, não se restringindo a questões meramente espaciais ou de infraestrutura urbana, estando vinculado necessariamente ao exercício de outros direitos (acesso à terra urbana, educação, saúde e transporte), e ao reconhecimento vinculado ao exercício da cidadania.
Por outro lado, o Poder Judiciário ainda parece demonstrar noções de direitos à moradia e à cidade que sobrepõem a garantia dos direitos individuais e de propriedade aos direitos fundamentais à moradia e à vida na cidade. Frente a isso, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, alguns segmentos de Advogados Populares atuantes, o Ministério Público de Minas Gerais, entre outros autores, têm desenvolvido uma série de argumentos e estratégias jurídicas, cumprindo papel importante na manutenção das ocupações em estudo para o acesso ao direito fundamental à moradia adequada.
Palavras chave: moradia adequada; ocupação urbana; conflito fundiário; cartografia sociojurídica; Poder Judiciário; função social da propriedade.
EQUIPE ATUAL
Juliano dos Santos Calixto
Doutorando, Direito, UFMG
Priscila Lopes de Souza
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, UFMG
Vinícius Villela Penna
Graduando em Ciências Sociais, UFMG
Olga Farnêzu Alves Franco
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, UFMG
Henrique Gomides Zatti
Graduando em Direito, UFMG
Paola Bonetto Ferrari
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, UFMG
Clara Gomes Machado
Graduanda em Psicologia, UFMG
Ana Luisa Jorge Martins
Graduando em Ciências Sociais, UFMG
Jéssica Luiza Moreira Barbosa
Mestrado, Direito, UFMG
Florencia Lorenzo
Graduando em Ciências Sociais, UFMG
Lucas Nasser Marques de Souza
Graduado em Direito e graduando Ciências Sociais, UFMG
Thaís Pires Rubioli
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo,UFMG